sábado, 18 de julho de 2009

Quem financia seu programa de televisão favorito?

Tradução: Rocío Salazar

Fazer-se a idéia de que existem controles, censura e monopólio dos meios de comunicação e que esses meios ofuscam a verdade de forma habitual pode parecer conspiranóico para uma pessoa do mundo ocidental. Porém, como demonstrei na primeira parte do artigo
<http://www.danielestulin.com//?op=noticias&noticias=ver&id=49&idioma=>, cada um dos grupos dos principais Meios de Comunicação Corporativos está inter-relacionado com seus supostos rivais.

Por exemplo, falaremos da “Corporação da Difusão Pública”, (PBS pelas suas iniciais em inglês). “PBS”, é uma das instituições públicas dos Estados Unidos das mais conhecidas e das mais queridas. Segundo sua página web, PBS, é uma empresa de meios de comunicação sem fins de lucro cujos proprietários são os 348 canais nacionais públicos de televisão. Um recurso de comunidade de prestígio e confiança, a PBS usa o poder da televisão sem fins de lucro, a Internet e outros meios de comunicação para enriquecer a vidas de todos os americanos através de programas de qualidade, e seus serviços educativos que informam, inspiram e satisfazem. Noventa e nove por cento dos lares americanos com televisão e com um número crescente de lares com meios digitais acessam a PBS, atingindo quase 90 milhões de pessoas a cada semana.”

A pedra angular da programação da PBS é o famosíssimo programa de notícias, “NewsHour com Jim Lehrer”. Jim Lehrer, ao longo de sua ilustre carreira tem ganhado todos os prêmios imagináveis do jornalismo. Até aqui, tudo bem. Jim Lehrer, porém, é membro do “Conselho de Relações Exteriores” (CFR) dirigindo desde a sombra a política exterior estadunidense. Ao longo da história da PBS, algumas das seguintes empresas forneceram o financiamento da mesma: “AT&T”, uma das maiores empresas de comunicação do país (além de ser uma empresa CFR); “Archer Daniels Midland”, cujo “Presidente Dwayne Andreas” era membro da “Comissão Trilateral”; “PepsiCo” (uma empresa CFR) cuja Conselheira Delegada, “Indra Krishnamurthy Nooyi”, é membro do “Clube Bilderberger” e membro do Comitê Executivo da Comissão Trilateral. A “Smith Barney”, é outra das suas instituições financeiras mundiais.

Paradoxalmente, acontece que Smith Barney também pertence a CFR. Ademais, Smith Barney está ligado a “Citigroup”, uma empresa de serviços mundiais financeiros e, membro vitalício do Clube Bilderberg, CFR e da Comissão Trilateral.

Os jornalistas que colaboram com o NewsHour com Jim Lehrer são alguns dos maiores líderes de opinião da política internacional nos Estados Unidos, como “Paul Gigot, David Gergen, William Kristol” e “William Safire”. Todos eles pertencem ao Clube Bilderberg, CFR ou à Comissão Trilateral.

Será razoável suspeitar então que o PBS, talvez, não poderia ser suficientemente imparcial em certos assuntos delicados de interesse público como a crise constitucional estadunidense, o futuro de estados-nações e soberania nacional, os três aspectos chave da política do CFR, Bilderberg e da Comissão Trilateral?

Pessoas públicas como “Richard Perle, William Kristol, Zbigniew Brzezinski, Henry Kissinger, David Rockefeller” e “Bill” “Clinton” entre outros globalistas americanos que publicamente têm expressado seu desejo de mudar de forma drástica a constituição do país e o conceito de estado-nação por ser “inadequado”. Segundo Brzezinski, um dos mais sábios pensadores da política exterior americana, “a fantasia da soberania…claramente não é mais compatível com a realidade.” Opa! Por que? “Porque a constituição americana é o único documento no mundo que LIMITA o poder do governo”.

Outro exemplo? Vocês sabiam que 10 das 12 maiores e mais poderosas Fundações dos Estados Unidos estão controladas por pessoas diretamente associadas à “família Rockefeller”? Por exemplo, a “Fundação Ford”, uma das mais renomadas a nível mundial. Segundo a página web da Fundação Ford, seus objetivos são “reforçar valores democráticos, reduzir a pobreza e a injustiça, promover a cooperação internacional e conseguir o objetivo humano.” Que bonitinho!

Em lugar algum da sua página web ou em qualquer um de seus relatórios ou declarações públicas, “a Fundação Ford ressalta a sua relação simbiótica com a CIA”, uma relação que perdura há mais de 50 anos. Tampouco a relação CIA-Ford se menciona em qualquer dos mais de 3,000 meios de comunicação alternativos e “independentes” de esquerda como a revista “The Nation, Fair, Z Mag, Democracy Now, Mother Jones, Alternative Radio ou Pacifica”. Alguns desses meios contam com milhões de ouvintes e leitores, todos de esquerda, todos muito fiéis a seus princípios, todos muito ativos no panorama político do país.

Uma das pessoas chave na relação da CIA com a Fundação Ford tem sido “John McCloy”. McCloy é o exemplo perfeito dos interesses interligados do complexo militar-industrial-financeiro. Ele era o Presidente do “Banco Mundial, o Presidente do Chase Manhattan Bank, Presidente da Fundação Ford, um fideicomissário da Fundação Rockefeller, Presidente do Conselho de Relações Exteriores, membro do Clube Bilderberg e da Comissão Trilateral.

Em seu livro A GUERRA FRIA CULTURAL, Frances Stoner Saunders explica a colaboração da Fundação Ford com a CIA.

“McCloy tinha uma opinião pragmática do interesse inevitável da CIA com a Fundação Ford quando ele assumiu a presidência. Quando ele considerou as preocupações de alguns executivos da fundação, que sentiram que a reputação da Fundação quanto a sua integridade e independência estava sendo minada por essa relação com a CIA, McCloy argumentou que se eles se negaram a cooperar, a CIA simplesmente penetraria na fundação silenciosamente recrutando ou colocando pessoal de confiança em níveis inferiores. A resposta de McCloy a esse problema era criar uma unidade administrativa dentro da Fundação Ford expressamente para tratar assuntos com a CIA.”

Liderado por McCloy e dois oficiais da fundação, a CIA tinha que consultar a este petit comitê de três homens sempre que a Agência quisesse usar a fundação, para esconder suas operações segredas.

A CIA estava convencida de que a utilização de autênticas fundações filantrópicas como a Ford, “Rockefeller Fundo Familiar, a Fundação MacArthur, a Fundação Schumann e a Fundação Carnegie” era o modo mais plausível de passar grandes quantidades do dinheiro a projetos da Agência sem alertar suas fontes. (/”veja diagrama seção GALERIA, p2, Left Gatekeeper que demonstra os vínculos entre Fundações e os meios alternativos”/)
Um estudo da CIA em 1966 argumentou que essa técnica era “especialmente eficaz para organizações democraticamente controladas, que têm que assegurar a seus próprios membros e colaboradores, assim como a seus críticos hostis, que seus fundos e doações provêm de fontes genuínas, respeitáveis, privadas.”

Em 1968, “Richard Bissell”, um dos ex-diretivos da Fundação Ford e, naquele momento chefe da CIA, expressou: “Para que a agência seja eficaz, teria que aproveitar-se de instituições privadas de uma forma muito mais ampla.”

Os membros das fundações mais importantes, por sua vez, estão interligados com principais organizações multinacionais – um e outro fazem parte dos conselhos de administração. Por exemplo, no Conselho da Fundação Ford está “Afsaneh M. Beschloss”, a antiga oficial de investimento do Banco Mundial e o “Presidente de Carlyle Asset Management Group”, uma divisão do Grupo Carlyle, uma das 12 empresas de armamento mais importantes do mundo; o outro é “Paul A. Allaire”, presidente da Corporação Xerox. “Xerox” resulta ser uma das corporações implicadas nos escândalos contáveis dos anos 90.

Poderemos confiar em meios de comunicação cujo financiamento vêm da Fundação Ford, Fundação Rockefeller, Fundação Carnegie para chamar a atenção aos excessos dos executivos que ocupam cadeiras de conselheiros dentro dessas mesmas empresas?
Poderemos confiar em que os meios de comunicação levantam a voz para denunciar a avareza desgarrada para examinar os aspectos más profundos dos escândalos corporativos que parecem indicar uma transferência deliberada de riqueza aos ultra- ricos? Os meios de comunicação cujos conselheiros são membros do “Chase Manhattan Bank” ou “Citibank” estariam dispostos a falar de como as maiores entidades bancárias lucram da venda da droga? E como lucram? As empresas podem ter enormes quantidades de dinheiro tomando dinheiro ilegal emprestado dos narcotraficantes e narco-nações a juros baixos e lavando o dinheiro. Quando 100.000 milhões de dólares de dinheiro sujo se empresta a 5% de juros a uma grande corporação, o dinheiro vira legal e efetivo.

Resulta muito difícil imaginar que Fideicomissários da Fundação Ford gostariam de financiar pesquisadores alternativos e jornalistas dispostos a atrair o mergulho crítico ao fato alarmante de que a elite dos EEUU tem tido uma relação histórica muito próxima ao fascismo, ao eugenismo, o genocídio, a limpeza étnica e a indústria de guerra biológica.

Os cidadãos só podem decidir sobre qualquer questão maior ou menor, se vivemos num ambiente de informação sem restrição, oferecendo o leque mais amplo de alternativas intelectuais. Em uma sociedade utópica, os políticos podem ser julgados e as tiranias impedidas se abusos de poder fossem informados a toda a população.

A justificativa principal de um jornalismo livre, com todas as suas imperfeições expostas. É justamente a razão do por que os ditadores, oligarcas, comissões, imperadores, reis e tiranos ao longo da história têm procurado censurar o debate e sufocar a disseminação de opinião e informação livre.

A placa 79 dos Desastres da Guerra de “Francisco de Goya” mostra a donzela Liberdade deitada, com o peito descoberto. Umas figuras fantasmais brincam com o cadáver enquanto uns monges cavam sua tumba. A verdade morreu. Morreu a verdade. Como soa essa perspectiva? Não depende de Deus nos livrar da tirania. Depende de nós. Temos que fazer as ações necessárias. Homem precavido vale por dois. Nunca encontraremos as respostas adequadas se não formos capazes de formular as perguntas apropriadas.


Daniel Estulin 10/01/2007
(texto original em espanhol: http://www.danielestulin.com/?op=noticias&noticias=ver&id=86&idioma=)

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